miércoles, 19 de noviembre de 2008

O Canto Noturno de Nietzsche

É noite: falam mais alto, agora, todas as fontes borbulhantes.
E também a minha alma é uma fonte borbulhante.
É noite: somente agora despertam todos os cantos dos que amam.
E também a minha alma é o canto de alguém que ama.
Há qualquer coisa insaciada, insaciável, em mim; e quer erguer a voz.
Um anseio de amor, há em mim, que fala a própria linguagem do amor.
Eu sou luz; ah, fosse eu noite!
Mas esta é a minha solidão: que estou circundado de luz.
Ah, fosse eu escuro e noturno!
Como desejaria sugar os seios da luz!
E até vós desejaria abençoar, pequenos astros cintilantes e vagalumes, lá no alto! - e ser feliz com as vossas dádivas de luz.
Mas eu vivo na minha própria luz, sorvo de volta em mim as chamas que de mim rompem.
Não conheço a felicidade dos que recebem; e muitas vezes sonhei que roubar deve ser ventura ainda maior que receber.
É esta a minha pobreza: que minha mão nunca pára de dar presentes; é esta a minha inveja: que vejo olhos à espera e as noites iluminadas do anseio.
Ó desventura de todos os dadivosos! Ó obscurecimento do meu sol! Ó desejo de desejar! Ó fome insaciável na saciedade!
Eles recebem os meus presentes; mas tocarei ainda a sua alma?
Há um abismo entre dar e receber; e também o menor dos abismos precisa ser transposto.
Nasce uma fome da minha beleza: desejaria magoar aqueles que ilumino; desejaria roubar aqueles que presenteio: assim tenho fome de maldade.
Retirar a mão, quando já a outra mão se lhe estende; hesitar como a cachoeira, que ainda hesita ao precipitar-se: assim tenho fome de maldade.
Tal vingança medita minha plenitude, tal perfídia brota da minha solidão.
Minha ventura em dar extinguiu-se ao dar, minha virtude cansou-se de si mesma pela sua superabundância!
Quem sempre dá, corre o perigo de perder o pudor; quem sempre reparte, cria calos em suas mãos e coração, de tanto repartir.
Meus olhos não choram mais ante o pudor dos pedintes; demasiado endureceu minha mão, par sentir o tremor das mãos satisfeitas.
Para onde foram as lágrimas dos meus olhos e o frouxel do meu coração? Ó solidão de todos os dadivosos! Ó silêncio de todos os que espalham luz!
Muitos sóis gravitam nos espaços vazios: falam, com sua luz, a tudo o que é escuro - como silenciam.
Oh, essa é a hostilidade da luz por tudo o que é luminoso: implacável percorre ela sua órbita.
Injusto, no fundo do seu coração, com tudo o que é luminoso; frio para com os outros sóis - assim segue, cada sol, o seu próprio caminho.
Como uma tempestade, percorrem os sóis, velozmente, suas órbitas: esse é o seu curso.
Seguem, inexoráveis, a sua vontade: é essa a sua frieza.
Ó seres escuros, noturnos, somente vós criais o calor, haurindo-se dos corpos luminosos!
Somente vós bebeis o leite e o bálsamo dos seios de luz!
Ah, há gelo em volta de mim; queima-se minha mão tocando em gelo!
Ah, há uma sede, em mim, que almeja pela vossa sede!
É noite: ai de mim, que tenho de ser luz!
E sede do que é noturno. E solidão!
É noite: como uma nascente, rompe em mim, agora, o meu desejo - e pede-me que fale.
É noite: falam mais alto, agora, todas as fontes borbulhantes.
E também a minha alma é uma fonte borbulhante.
É noite: somente agora despertam todos os cantos dos que amam.
E também a minha alma é o canto de alguém que ama.
- Assim falava Zaratustra.
(Assim falava Zaratustra é um dos textos mais polêmicos de Nietzsche. Zaratustra, o sem-Deus, o porta-voz da vida, o porta-voz do sofrimento, o porta-voz do nosso círculo, entoa este Canto Noturno, que apesar de não estar em versos, é citado pelo filósofo como exemplo de ditirambo no livro Ecce Homo, de 1888.)

Renacer en el Ocaso...

Renaciendo en el Ocaso, es parte de una vida que necesitó plantearse… ¿Qué hago ahora con lo que tengo en mis manos?
Jamás diría, comenzar de nuevo o partir de la nada…Pues quien ha vivido 45 años, jamás puede partir del punto cero.
Cada persona que enfrenta una situación álgida en el recorrido de las sendas de su vida.
Siempre recomenzará, planteándose una nueva forma de ver y de vivirla, más nunca comenzará de nuevo.
Pues cada quien lleva en si las huellas que se fueron tatuando con el tiempo, sus recuerdos, sus fortalezas, sus debilidades, su aprendizaje, su entorno.
Para comenzar de nuevo, sería necesario nacer de nuevo. Y eso no es posible.
Porque renacer en el Ocaso y no en el alba… Porque es en el Ocaso dónde solemos aventarnos a los recuerdos, reposar el cansancio, meditar y contrapesar situaciones.
Así que dejaré el alba para iniciar mi trayecto en ese Universo llamado Vida.



María Lasalete Marques

Orgullosa de ser Venezolana